sexta-feira, julho 01, 2005

Os «Subsídiodependentes» ...


É vê-los por aí em cada esquina ... no café, no supermercado, debaixo de uma árvore, na praia, no centro de saúde, no centro comercial, enfim ... em todo lado menos em qualquer sítio onde os possam convencer a trabalhar !!!!

Mas, dentro do espírito que representa o viver à conta dos nossos descontos, não os posso criticar. Se podem receber para não fazer nenhum, porque raio hão-de eles sequer ousar trabalhar para o fisco lhes meter a unha ao bolso e ir, com esse dinheiro, sustentar outros que passam o dia inteiro “a coçar micose” ????

Eu, felizmente tenho o prazer de observar, ao fim de semana e só ao fim de semana - sim porque EU trabalho – alguns desses espécimes ...e devo confessar que já tenho quase uma pós graduação em subsídiodependência ... o que aqueles tipos têm que saber ... foi precisamente ao conhecê-los melhor que comecei (QUASE) a admirá-los ... é que um gajo viver à conta do estado (ou, de nós) requer uma constante actualização de conceitos e um imenso jogo de cintura.

Ficam aqui resumidas as 6 regras básicas de um subsídiodependente :

Regra número um: ser jovem e gostar dos tempos livres;

Regra número dois: nunca ter menos de dois filhos. Sim porque isso de ter só um filho é bom é para quem trabalha e que anda sempre a dizer que se vê grego para sustentar o único filho que tem... o lema do subsídiodependente é: «(...) isto meus senhores, tudo se cria, é preciso é que venham perfeitinhos... onde comem quatro comem cinco ... e sempre são mais uns euros por mês em subsídios (...)» há sem dúvida que ter visão estratégica...;

Regra número três: falar o mais alto possível, que um gajo que anda nesta vida dos subsídios tem que publicitar as suas façanhas ... não convém é abrir muito o jogo não esteja por perto algum caçador furtivo que ainda não conheça uma ou outra regra e se vá fazer também a algum subsídio que até à data desconhecia... neste mundo da subsídiodependência, o segredo é a alma do negócio ... partilhas, só com os amigos do peito.

Regra número quatro: queixar-se muito. A vida dum subsídiodependente é um mar de lamúrias, um oceano de choradinhos, uma vastíssima desgraça, um ilimitado queixume, um infinito carpir. Entre um cigarro, um café e um berro ao filho de quatro anos que, entretanto, anda solto pela rua há mais de 10 minutos, é ouvi-los a lamentarem-se... «vejam só... uma coisa que se resolvia só com um papel, agora obrigaram-me a ir a outro balcão buscar mais um formulário ... estes sacanas devem pensar que tenho o dia todo pr’andar nestas voltas».

Regra número cinco (a minha preferida): saber tudo o que há para saber sobre números de impressos, guias, requisições, credenciais e afins. Um subsídiodependente que se preze informa-se, actualiza-se, procura, pergunta, investiga, anota, confirma, experimenta. Uma das coisas que mais gozo me dá é observá-los naquilo a que vamos designar por «troca de experiências» (troca de experiências com os «amigos do peito», é claro!!!!, vide regra número três). Assim que um experimenta um serviço novo, do qual desfruta, obviamente, sem pagar um chavo, toda a papelada que o levou a obter esse benefício fica gravada na sua memória qual pintura rupestre. Os subsídiodependentes tornam-se então veículos privilegiados de registos de subsídios, verdadeiros repositórios de informação de fazer corar qualquer Pentium 4.

Regra número seis: um subsídiodependente fuma em quase 90% dos casos e tem que gostar de poder comprar tabaco à conta dos contribuintes. Até porque toda a gente sabe que o tabaco mata e, por isso mesmo, o subsídiodependente não gasta o dinheiro ganho com o suor que lhe escorreu da pele a comprar um produto que o prejudica. Assim fuma-o à conta dos papalvos e não lhe pesa tanto a consciência;

E nós, meros «peões da classe operária» olhamos estupefactos para as notícias da televisão e percebemos que temos que continuar a alimentar, cada vez mais, com o dinheiro que nos levam todos os meses, toda esta máquina que não nos dá nada a nós. Sim porque ninguém nos pergunta se queremos fazer descontos para o estado. A única coisa que sabemos, seguramente, é que estamos desgraçados se precisarmos da justiça, dos hospitais, dos serviços das finanças, da segurança social, da polícia, das câmaras e dos outros todos.
Quer dizer, todos estes serviços do estado chegam a nós ... aparecem é sempre tão tarde ... usualmente quando já não precisamos deles para nada...

E enquanto uns se revoltam, outros regalam-se e coçam a barriga... porque têm muito tempo para isso.

Caracol Subsídioanalista

9 comentários:

Abelhinha disse...

Vamos ver a coisa pelo lado positivo: podemos transformar os subsidiodependentes em balcões de informações para quem precisa mesmo dos subsidios.

Imagina, precisamos de "meter os papeis" para o abono de família. Vamos ao balcão da Segurança Social perguntar que impresso devemos usar. Se perguntarmos a um destes elementos temos a resposta em 5 minutos em vez de ser numa hora e meia... sim porque, o mais certo é depois disso termos que ir para o trabalho que se ficou por fazer em cima do secretária!

Infelizmente, mesmo brincando com o assunto a coisa tem um sabor a injustiça que faz favor!

Anónimo disse...

É isso e o clássico "É pá!Olha que tu informa-te.Tu tens direito,pá!"

Anónimo disse...

Se chove, quero subsídio, se não não chove, também. Se faz bom tempo, é melhor pedir qualquer coisinha não começar a chover...

saltapocinhas disse...

Nunca tinha lido nada tão bem escrito como esse "vespeiro" dos sussidiodependentes... (esta do vespeiro foi para te vingar das caracoletas...). Tens toda a razão, eu conheço muita gente assim. Não fazem a ponta de um corno porque não vale a pena! TRabalhar é para os idiotas que não sabem fazer mais nada!!

saltapocinhas disse...

No que dão as pressas! Repetição da 1ª frase "nunca tinha lido nada tão bem escrito sobre esse "vespeiro" dos subsidiodependentes" Ufff!

Mocho Falante disse...

Olhe se faz favor, qual é o impresso que tenho que preencher por causa do hemorroidal??? Ahh não está contemplado??? e então para as Tenia saginta há? Não???

E para a micose? Impresso V315/98 suplemento C... muito obrigado

LUA DE LOBOS disse...

e qual o impresso para o subsidio dos escritores que editam e ninguem lhes paga os Direitos de Autor?
Porque a Justiça não funciona e a Sociedade Portuguesa de Autores só com ameaça de escandalo é que se mexe em duas velocidades - lento e pára.
Gostaria de colocar este post fabuloso no meu blog...
xi
maria de são pedro

Anónimo disse...

Vim pelo Fabulas....
Espreitei...
posso?

Vemo-nos por ai!

=)

Anónimo disse...

Deixa ver se percebi...tu tás a criticar todos aqueles chupistas que anseiam apenas trabahar um periodo de seis meses para poderem usufruir do subsidio??? subsidio esse que por vezes leva quase um ano a chegar ás mãos de pessoas que trabalharam uma vida inteira e de repente foram despedidas??? tás a criticar todos esses parasitas que enchem os centros comerciais em pleno dia de semana ás 3 da tarde?? é isso? ok. Acho que desta vez tiveste mais ou menos bem.