quinta-feira, junho 30, 2005

Nocturno















Espírito que passas, quando o vento
Adormece no mar e surge a lua,
Filho esquivo da noite que flutua,
Tu só entendes bem o meu tormento ...

Como um canto longínquo – triste e lento –
Que voga e subtilmente se insinua,
Sobre o meu coração, que tumultua,
Tu vertes pouco a pouco o esquecimento...

A ti confio o sonho em que me leva
Um instinto de luz, rompendo a treva,
Buscando, entre visões, o eterno Bem.

E tu entendes o meu mal sem nome,
A febre de Ideal, que me consome,
Tu só, Génio da noite, e mais ninguém !

Antero de Quental

Caracol Noctívago

quarta-feira, junho 29, 2005

O meu Cão ...


Fui dar contigo por acaso num dia em que pensava em tudo menos encontrar-te. O calor puxava-me para a sombra, e para ti, mesmo sem o saber.

Quando te vi pela primeira vez já estavas em boas mãos, nas mãos que primeiro me abraçaram, nas mãos de quem me deu a mim a vida. E que bem que estavas, parecia até que sorrias. Mas sim, sorrias mesmo, sorrias para mim como se soubesses que nunca mais nos íamos separar. Sorrias para mim como se já me adivinhasses todos os pensamentos, como se já pressentisses que era contigo que queria ficar. Como se já me conhecesses, como se sempre me tivesses conhecido.

Assim que te peguei ao colo soube que sempre foras meu ... cabias-me na mão, de tão pequenino que eras. Moldaste-te à minha mão. Moldaste-te a mim. Senti-te seguro. Dei-te festas na esperança de te poder fazer sentir tão bem como tu já me estavas a fazer sentir a mim ... recebeste-as como quem recebe algo completamente novo e eu sorri, e voltei a sorrir sem conseguir parar ao sentir que a partir daquele dia não ia mais deixar que nada de mal te acontecesse.

Lembro-me do homem que te trazia, lembro-me do desapego com que esticou a mão e me disse que te podia trazer porque ele tinha muitos iguais a ti... era um tonto aquele homem ... como se houvesse outro igual a ti !!!!

Lembro-me quando te apercebeste que o espaço de casa não ia ser só partilhado por nós dois... lembro-me de ter assistido ao primeiro olhar que vocês, dois dos grandes amores da minha vida, trocaram ... lembro-me da alegria que foi, das lágrimas de emoção que rolaram, dos pulos de alegria ... e dos minutos que ambos passávamos a contemplar-te... como se só tu existisses. E nada mais.

Lembro-me das visitas dos amigos ... foi um vai e vem de «tias» e «tios», todos a trazerem-te prendas e a apaparicar-te e tu, que mal davas meia dúzia de passos sem adormeceres, de pequenino que eras, chegavas a todos os carinhos e nunca desapontavas ninguém ...

Lembro-me de te desfazermos os granulados que comias em água porque nem sequer tinhas dentes para os mastigar e de comeres aquela papa esmagada por nós com a mesma sofreguidão com que a terra absorve a água das primeiras chuvas, como que a dizeres que querias viver para nos fazeres muito felizes.

Lembro-me dos teus xixis que povoavam a casa ... tantos e tão pequeninos, que pareciam gotinhas de chuva.

Lembro-me das primeiras vacinas, da primeira ida à rua, e da primeira vez que as almofadinhas das tuas patas sentiram a areia da praia ... como correste... correste como se o mundo todo se resumisse àquele areal, e tu estivesses a perscrutar cada continente, com a minúcia de um qualquer explorador.

Vi-te crescer e partilho contigo o privilégio de seres meu, há três anos, vividos sempre com a intensidade que tu pões em tudo aquilo que me dás.

Não falas. Nem precisas. Dizes-me tudo aquilo que queres e sentes-me antes de entrar pela porta. Conheces o meu cheiro. A minha voz, consegues distingui-la em todo o lado. Brincas comigo e fazes-me recordar tempos em que me rebolava no chão a rir à gargalhada de uma piada que só eu entendia. Como brincamos e nos divertimos os dois até ficarmos de língua de fora de tão cansados de pular e saltar. Como me desafias. Como aprendeste tudo. Como me ensinaste ...

Por isso, meu amigo de todas as horas, conto sempre contigo para me espelhares os sorrisos e me lamberes as lágrimas.

Adoro-te meu Cão.

Caracol Reconhecido

segunda-feira, junho 27, 2005

Queres-te Reformar???? Tem Calma, Só te Faltam 20 Anos para os 65 ...


Por vezes dou por mim a pensar porque raio é que vamos votar ... culpa minha porque sempre que há eleições vou sempre a correr lá pôr o voto ... com um ar muito importante, como se eles quisessem saber de mim para alguma coisa...

Até nem me arrependia, não fosse ver que, de facto, a política é a «ocupação» - não uso a palavra «trabalho» propositadamente – que melhor serve os interesses daqueles que : gostam de ter uma boa «ocupação»; têm muitos amigos a quem dar «emprego» (de notar que «emprego» significa, em termos de dispêndio de energia, mais que «ocupação» mas menos que «trabalho», sim porque para trabalhar estamos cá nós!!!!; gostam de dar espectáculos de mau comportamento no Parlamento a rirem-se na cara daqueles que estão a falar (pelo menos, a mim, os meus pais ensinaram-me que isso é falta de educação ...); têm défice de atenção, sim porque nas imagens que exibem do Parlamento, enquanto 10% do total das bancadas escutam atentamente (ou então dormem de olhos abertos) aquilo que diz o orador, os restantes 90% estão na calhandrice ou a falar ao telefone - deviam, por isso, ter aulas de estudo acompanhado no sentido de diminuir o elevado índice de dispersão que apresentam; gostam de falar para microfones; não sabem o que é que hão-de fazer a tantas regalias que têm; aqueles que são putos com as fraldas quase agarradas ao rabo (alguns deles sem sequer serem licenciados, o que não deixa de ser curioso quando nos nossos dias quase que exigem uma licenciatura a um empregado de balcão) e que gostam de se armar em respondões com aqueles que lhes proporcionaram a liberdade para poderem ser malcriados sem irem bater com os costados a uma qualquer prisão ... enfim tudo isto e mais tudo aquilo de que me lembraria depois de assistir a mais 5 minutos de debate.

E esse é o lado perverso das campanhas eleitorais ... os gajos vão para as praças lambuzar-se com as beiças das peixeiras e os cumprimentos engordurados dos homens do talho, sujar-se com a baba das criancinhas nas quais insistem sempre em pegar ao colo, principalmente se por perto estiver algum fotógrafo ou alguma estação televisiva. E é vê-los, que nem peixe na água a distribuir sorrisos, aventais, bonés e ... em casos mais extremos, electrodomésticos !!!!

Depois assistimos a cenas irreais como aquela que a minha amiga «Lóla» tão bem conta ... em plena campanha o candidato generosamente distribui electrodomésticos à população que, à boa maneira da pedinchice portuguesa, o cerca e se esgadenha e acotovela por uma faca eléctrica, e, no meio desta confusão, diz uma senhora com um ar muito deprimido ... «olhe, muito obrigadinha pelo frigorífico que me deu ... agora só me falta ter luz em casa...» e o candidato responde, com um ar que denotava algum melindre e impaciência: «luz, agora querem luz ... vocês querem tudo !!!!!, uma coisa de cada vez ... ».

... e já gozas, até porque toda a gente sabe que os frigoríficos funcionam a pilhas.

Onde eu também gosto muito de os ver é nas visitas que fazem aos lares da terceira idade e das palmadinhas que dão nas costas dos velhinhos enquanto perguntam com a maior desfaçatez do mundo: «então?? como é que isso vai?? vai benzinho??». Vai muito bem muito obrigado, com as reformas de merda que lhes pagam vivem num desafogo ...trabalharam uma vida inteira para chegar à velhice e pensar se hão-de comprar o medicamento de que precisam ou se hão-de comer até ao fim do mês ... porque, na grande maioria dos casos, as duas coisas ao mesmo tempo é que eles não podem fazer, porque o dinheiro, pelo menos o deles, não estica. Vão muito bem, obrigado, com uma assistência hospitalar de primeira água e cuidados de saúde atempados, a maior parte deles, morrem da doença, ou da falta de cura. Vão muito bem obrigado, passam dias inteiros a jogar às cartas num qualquer banco de jardim porque não sobrou, nem uma moedinha de Euro2004, dos milhares de milhões que se gastaram a construir estádios, para construir centros de dia com actividades que os pudessem estimular para que não vissem os dias, simplesmente, a passar por si. Vão tão bem os velhinhos deste país, felizes e contentes, porque eles, como nós, têm muitas razões para isso.

Mas é disto que vemos aos magotes sempre que há campanhas eleitorais, um festim de exibicionismo, um discurso preparado ao pormenor, operações de charme à conta dos incautos que ainda acreditam que eles andam lá para fazer bem a alguém.

E agora lembraram-se de que vamos bulir até aos 65 anos ... parece-me uma medida muito inteligente até porque, como não fecham dezenas de fábricas todos os dias, o aumento do investimento em Portugal cresce a olhos vistos e há um emprego em cada esquina para todos nós, basta para isso que queiramos trabalhar... ATENÇÃO, não estou com esta do «emprego em cada esquina» a sugerir que nos dediquemos todos à prostituição, que as raparigas já se queixam que a vida para elas também anda má e não querem (mais) concorrência.

Sugeria então, que a nossa nobre classe política, começasse por se deixar contagiar por este espírito de Robin Hood, e se desfizesse de ainda mais regalias para que, neste cantinho à beira mar plantado, parássemos de tapar a cabeça e destapar os pés e vice-versa; para fazermos de Portugal um país de que nos possamos realmente orgulhar por tudo aquilo que ele nos dá e não termos só orgulho em ser Portugueses porque somos Vice-Campeões Europeus e temos um seleccionador Brasileiro que nos quer fazer acreditar que é por causa dele que descobrimos que devemos ter orgulho num país que lhe paga a ele, largos milhares de euros por mês ... assim também eu tinha muito orgulho de Portugal...

Caracol Comentador

sábado, junho 25, 2005

Querida, Mudámos-te a Sala ...

Pinturas

Pois é ... e quando pensamos que os MELHORES AMIGOS DO MUNDO não conseguem fazer mais nada para nos surpreender, eis que eles, mais uma vez, nos surpreendem ...
Foi mesmo isso que me aconteceu, faz precisamente hoje uma semana !!!!
Foi uma versão "mais bairrista" do Querido, Mudei a Casa ...
Passo a relatar os acontecimentos ... DONINHA, de seu nome (Dónas, para os mais chegados, ou, pelo menos, para aqueles a quem ele se deixa chegar) olhava insistentemente para as minhas alvas paredes (bem, tendo em conta que não eram pintadas ia para 6 anos, QUASE alvas paredes) com o olhar de perito qual cirurgião que sabe que não pode falhar um milímetro na incisão e comentava ... «já não estás farta deste «branquinho»????» ... sentia a palavra «branquinho» como quem sente um punhal a cravar-se-me nas costas ... era dita sempre acompanhada de um sorriso quase tão assustador como a entrada do saudoso Comboio Fantasma da ainda mais saudosa Feira Popular de Lisboa ... a seguir a esta famosa frase seguia-se o olhar de esguelha para os outros dois «cumplices» ... e o já famoso sorriso «à la doninha» !!!!
Cumplices ... pois porque uma obra desta envergadura conta sempre com mais que um cérebro ... dai que, a coadjuvar nas operações estavam um MOCHO e uma VESPINHA ... e que trio que eles formam ... de cada vez que o Dónas dizia a palvra mágica, o famoso «branquinho», era vê-los a sorrirem cheios de cumplicidade uns para os outros ....
Ora quem me conhece sabe que sou um CARACOL solidário, com bons princípios, que gosta de colaborar, dar uma mão e .... bem, OK, vou dizer a verdade, sou um Caracol obsessivo, nada pode ser feito sem eu me convencer que só corre bem se eu estiver a olhar !!!!
E foi precisamente por ai que eles pegaram ... e foi cá uma terapia para mim ... uma verdadeira terapia cognitivo-comportamental ... do tipo «queres sair de casa por favor (acho que esta parte do «por favor» foi meramente decorativa) para nós te fazermos uma «surpresinha» (outra palavra que me incomodou tanto!!!!!) e te remodelarmos a sala toda ???? (...) É que se não quiseres sair a bem sais a mal!!!!» ... o que é que me restava ???? Lá peguei na trouxa direitinha que nem um fuso e fui para a toca do Mocho ...
Mas não julguem que esta tortura começou para mim no dia em que a pintura foi feita .... nnnnnãããããooooo, uma semana antes já se notavam os sorrisos cúmplices e os segredinhos dentro deste verdadeiro clã decorativo ... era vê-los a correrem comigo de todo o lado de cada vez que tinham uma ideia nova (e se eles tinham ideias, a avaliar pelas vezes que fui recambiada...), coisas do tipo «amanhã já vou buscar «aquilo»...» .... AQUILO, mas que raio seria AQUILO ???? «Então Mocho, sempre fica aquela côr ????» perguntava a Vespa sob o olhar atento do Dónas ... «não, não, lembrei-me de outra muito melhor ...» e eu ali, qual dama atraiçoada a ter que me rir com vontade de os afogar em perguntas ... de vez em quando tentava apanhá-los de surpresa e fazer uma pergunta vinda do nada, qualquer coisa do tipo Freudiano, tipo técnica psicanalítica, mas isto é tudo gente com muita prática, que não se deixa levar por principiantes !!!!
Pensei que se não desenvolvi uma sindrome paranóide nessa semana, fiquei imune para o resto dos meus dias !!!!
Em plena toca do Mocho, na sexta feira à noite, esperei sozinha pelos 3 heróis da construção civil ... que, a propósito, me tinham PROIBIDO sequer de me aproximar do telemóvel, salvo se fosse uma situação muito «urgente» (leiam este «urgente» em negrito, itálico e com sublinhado duplo) ... e se esperei ... quando chegaram, quase às duas da matina, e para meu desespero, vinham limpinhos, mas tão limpinhos, que até pareciam uns meninos do coro ... nem uma pinguinha de tinta para amostra (pelo menos à primeira vista), soube depois que o mocho trazia uma mancha de tinta no ... bem, esta história agora não interessa nada !!!!
Dia Nº 2 (e último da surpresa) ... sábado ... se na sexta tinha ficado 4 horas e meia sozinha, no sábado fiquei todo o dia ... sim, foi por opção, porque me achava uma companhia tão má pela impaciência que me trazia a minha curiosidade mórbida e pela ansiedade de ver a surpresa que só consegui suportar a presença dos cães mais lindos do mundo !!!! Não sei se eles terão ficado com tão boa impressão de mim depois daquele dia, mas pronto ... não vos vou descrever o meu dia, mas posso resumi-lo assim: do sofá para o pc, do pc para o terraço, do terraço para a cozinha da cozinha para a sala, da sala para o sofá (da sala !!!!!!), pega no comando, muda obstinadamente os canais da televisão, sem sequer ver o que está a dar em cada um deles (fiz isto 3 ou quatro vezezs seguidas), mais duas e já podia ser integrada no Call Center da TV Cabo para explicar a ordem dos canais aos Clientes sem recurso a suporte escrito (sim porque da maneira que isto anda, as empresas precisam de reduzir custos, e uma folha de papel é uma folha de papel) ... ah, sim, da muda os canais no sofá da sala para o terraço, do terraço para ... enfim para todo o lado menos para a minha sala, que era o que mais me apetecia estar !!!!
Eram dez da noite ... o meu estado mental agravava-se de minuto para minuto até que .... tam tam tam tam ta ra tam, tam tam ta ram tam tam tam ... (só para quem conhece o toque do meu telemóvel) ... ERAM ELES !!!!!
Senti-me como um naúfrago que vê passar, muito ao longe, um navio ... sim, muito ao longe, porque o telefonema era para informar que ainda iriam demorar «mais um bocadinho» ... desliguei o telemóvel e desliguei-me também, ou, por outras palavras, desliguei o que restava da minha sanidade mental, aquele «mais um bocadinho» parecia um daqueles socos no estômago que te faz vomitar um bife apesar de teres comido peixe cozido ao almoço ...
Lembrei-me que durante o malfadado telefonema ainda tentei sorrir, mas incapaz de me conter, deixei escapar um «já estou UM NICO farta de aqui estar na toca do Mocho...», este UM NICO deve ter soado tão a falso como aqueles comentários das amigas detestáveis que te dizem ... «esse corteZINHO de cabelo fica-te tão bem...» quando tu te olhas ao espelho e te perguntas a ti própria se te terá caído algum ninho de cucos no alto da cabeça ...
Mas já não havia nada a fazer, já tinha dito, e o que «tá dito, tá dito» ... claro que a suspeita, agora confirmada, do meu estado limite, ainda fez vibrar mais os obreiros que disfrutaram do pratinho até à última cena ...
Três horas e meia depois .... SIM, três horas e meia depois, que foram, entretanto e felizmente MUITO bem acompanhadas (obrigada MUSTELINHA, obrigada SANTI) ... chegou o grande momento ...
Tinha sido tudo preparado ao pormenor ... com direito a fita para tapar os olhos e tudo ...
Entrei na sala, de olhitos tapados e senti o cheiro delicioso do incenso que se entranhou nas narinas e me fez sonhar de olhos fechados (literalmente), senti um calor estranho, aquele calor que só se sente quando se está perto de quem se ama e começou a contagem final ... TRÊS, DOIS, UM ... e eu .... «(..............)»
Fiquei SEM PALAVRAS, porque não havia palavras que explicassem como é que 3 pessoas conseguem, numa noite e num dia operar tamanha transformação, corporizar o amor que me têm numa obra digna de ser vista ... era a minha sala, o meu espaço, agora transformado pelas mãos da amizade, pelo empenho e dedicação que só um amor sem limites pode proporcionar, por 3 das mais belas e especiais criaturas que tive a felicidade de se cruzarem no meu caminho ...
A vocês, declaro e publico o meu reconhecimento, o meu amor, a minha amizade. A vocês vos digo que sou vossa ... em cada gesto, em cada olhar, em cada palavra, em cada sorriso, em cada zanga, em cada partilha, em tudo aquilo que vos digo e em tudo aquilo que vos mostro sem palavras.
Sou vossa, obrigada por serem meus.
E dá vontade de perguntar. Será que eu mereço isto ????
O Caracol da Sala Remodelada
PS. Passo-vos o aviso que me passaram a mim ... esta foi a primeira divisão ... das outras eles vão tratar a seguir ... eu estou a aguardá-los a eles ... aguardem-me vocês a mim também ...
Sim Senhor Doninha ...

sexta-feira, junho 24, 2005

Florbela Espanca, Como Só Ela Sabe Ser ...


«Sou pagã e anarquista, como não podia deixar de ser uma pantera que se preza (...) Nem saúde, nem dinheiro, nem liberdade. A pantera está enjaulada, até que a morte lhe venha cerrar os olhos, e da sua miserável carcassa cinzele um tronco robusto a latejar de seiva, ou uma sôfrega raiz a procurar fundo a água que lhe mate a sede...»

(in Vol. V, carta nº 156)

Um Caracol Poético

Florbela Espanca, Uma Mulher que Viveu Antes do Seu Tempo ...



Nasce em Vila Viçosa a 08 de Dezembro de 1894 Flor-Bela d’Alma da Conceição Espanca, filha de Antónia da Conceição Lobo e João Maria Espanca.

Matricula-se no 1º Ano do Liceu em Évora, que frequenta até 1912.

A 8 de Dezembro de 1913 casa, em Vila Viçosa, com Alberto de Jesus Silva Moutinho.

De Julho a Setembro de 1916, participa como colaboradora literária no Notícias de Évora.

Concluí no liceu de Évora o 7º Ano de Letras, como aluna externa, em 1917 e, nesse mesmo ano, matricula-se na Faculdade de Direito de Lisboa.

Em 1919 publica o Livro de Mágoas.

A 30 de Abril de 1921 é decretado o divórcio de Florbela e Alberto Moutinho. Volta a casar-se a 29 de Junho desse mesmo ano, na conservatória do registo Civil do Porto, com António José Marques Guimarães, do qual se vai divorciar, ainda nesse ano, a 09 de Novembro.

Em 1923 publica o Livro de Soror Saudade.

A 04 de Abril de 1924, António José Marques Guimarães distribuí acção de divórcio contra Florbela, na 6ª Vara Civil de Lisboa.

A 23 de Junho de 1925 é decretado o divórcio. Florbela casa de novo a 15 de Outubro desse mesmo ano com Mário Pereira Lage, na Repartição do registo Civil de Matosinhos.

A 08 de Dezembro de 1930, no dia do seu nascimento e do seu primeiro casamento, Florbela põe termo à vida, na sua residência em Matosinhos.

Em 1930 é publicado o seu livro de sonetos Charneca em Flor. O seu livro de contos As Máscaras do Destino é publicado em 1932.

Em 1949 é inaugurado, no Jardim Público de Évora, um monumento em sua homenagem, da autoria do escultor Diogo de Macedo. Azinhal Alberto e José Emídio Amaro publicam, nesse mesmo ano, Cartas de Florbela Espanca.

Os seus restos mortais são transladados em 1964 para o cemitério de Vila Viçosa.

Em 1981 é publicado Diário do Último Ano, de Florbela.

Um Caracol (MUITO) Admirador

Siddhartha



O que procuramos ?? Do que corremos atrás ??

Quem sabe, sabe ... e nesta busca incessante por tudo aquilo que parece nunca nos satisfazer, damos connosco a olhar fixamente para uma porta que se fecha sem sequer nos apercebermos de todas aquelas portas que entretanto se abriram ...

Partilho com todos vocês, meus AMIGOS, este ensinamento de Siddhartha ...

«Quando alguém procura - respondeu Siddhartha - pode acontecer que os seus olhos vejam apenas a coisa que ele procura, que não permitam que ele a encontre porque ele pensa sempre e apenas naquilo que procura, porque ele tem um objectivo, porque está possuído por esse objectivo. Procurar significa ter um objectivo. Mas encontrar significa ser livre, manter-se aberto, não ter objectivos. Tu, Venerável, és talvez um homem à procura, pois, perseguindo o teu objectivo, muitas vezes não vês aquilo que está perante os teus olhos (...)»

Para todos vocês, com muito carinho.

O Caracol Livre

quinta-feira, junho 23, 2005


 Posted by Hello

Quem Somos ????

O CARACOL terrestre é um molusco que pode ser encontrado em sítios tão variados como jardins, campos com vegetação, vinhas, debaixo de pedras, plantas e em muros e paredes de casas.

Em termos reprodutivos o CARACOL é hermafrodita, o que equivale a dizer que possuí os dois sexos, mas, independentemente dessa característica, os adultos acasalam (valha-nos isso !!!!). De cada par fecundado obtém-se uma dupla desova. O acasalamento e a desova ocorrem geralmente duas a quatro vezes em cada ano. A quantidade e tamanho dos ovos dependem da espécie e das condições ambientais.

Os CARACÓIS possuem uma «casa» em forma de espiral, onde todo o seu corpo se insere. Esta casca protege-o da chuva, do sol e do vento, mas também lhe permite respirar, uma vez que contém uma cavidade por onde passa o ar. 99% desta «casa» consiste em material mineral, essencialmente carbono de cálcio, constituindo um terço do peso total do CARACOL. Cresce com o próprio animal e, ao atingir a idade adulta, ganha um bordo mais rijo.

Os CARACÓIS Helix põem 50 a 80 ovos em cada postura com um diâmetro de aproximadamente 3 mm. Os Caracóis Achatina põem até 700 ovos de maior diâmetro, que chegam a atingir os 10 mm.

O CARACOL terrestre desenvolve-se bem em temperaturas que vão dos 18º aos 20º C, e com índices de humidade de 70 aos 80%, razão pela qual saem usualmente depois de chover.

Em condições ambientais normais estima-se que cada CARACOL da espécie Helix aspersa gera aproximadamente um kilo de CARACÓIS (cerca de 100 CARACÓIS). O peso médio de um CARACOL adulto desta espécie chega às 15 gramas e o tamanho da «casa» varia dos 1,5 mm até aos 50 mm de diâmetro. Os CARACÓIS Helix vivem entre 4 a 5 anos.

A sua velocidade de deslocação é, em média, de 4 a 10 metros por hora. A sua actividade é priviligiada em três períodos, durante a Primavera, Verão e Outono, nos quais se desenvolve e reproduz.

Fica feita a apresentação.

Caracol Pedagogo

quarta-feira, junho 22, 2005

Uma Nova Porta que se Abre a Todos os Amigos

Aqui se abre um novo espaço de partilha de emoções, histórias e ideias, umas mais, outras menos conseguidas, que isto da escrita, como tudo na vida, segue ao sabor da maré do estado de espírito ...

Esta aventura começou quando uma Vespinha e um Mocho me disseram: «e se para além de andares a "espreitar" nos blogs dos outros (este meu voyeurismo !!!!!!) criasses o teu próprio blog para nós "espreitarmos" também????»

E aqui está, graças a estes amigos de sempre, que eu amo de verdade, que me iniciei nestas lides cibernéticas.

Que este seja mais um ponto de encontro de amigos de hoje e de amigos de futuro. De conjugação e descoberta de interesses.

A todos aqueles que aparecerem no blog do CARACOL, que sejam bem vindos à minha humilde casquinha ...

Caracol Estreante