Hoje fizeram-me uma surpresa “daquelas” ... e se há coisa que eu gosto é de uma boa surpresa !!
Só me disseram a hora e me levaram à pendura de Vespa até ao local onde supostamente tudo iria acontecer ...
Chegados lá, o local era-me mais que familiar, um cinema de que eu gosto e, logo de seguida, uma instrução rigorosa ... “agora entras sem levantares os olhos do chão e sentas-te ali na mesinha daquele café de costas voltadas para os cartazes dos filmes e nem te atrevas a olhar para trás...”.
Ordem cumprida, lá fiquei sossegada à espera do que lá viria ... mas o que me esperava era muito, mas muito mais do que eu poderia imaginar .... lá entrei na sala ao meu melhor estilo esquizóide, de olhos postos no chão, e a surpresa chegou ao ponto de até os ouvidos me taparem para ninguém que entrasse dissesse o nome do filme e eu me arriscasse a ouvi-lo ... !!!!
A sala não estava cheia, longe disso, o que mais me fez acreditar quando me disseram anteriormente (a única pista que me facultaram) que iria ver a reposição de um filme francês do qual falara muito e que nunca cheguei a ver ... mas, de repente, entra uma revoada de mais de 10 crianças de uma vez ... "para ver a reposição de um filme francês ????" (pensei eu), estranho mas, de repente passou-me pela cabeça que podia ser a reposição do famoso Bambi (mas em francês ????), aquele veado que fez as crianças da minha geração chorarem baba e ranho ... bem nesse aspecto, estávamos bem servidos nós as crianças dos anos 70 e princípios de 80, era uma desgraceira pegada, a começar no pobre Calimero, o pinto com a mais baixa auto-estima da história da banda desenhada e a acabar no Marco que acabava cada episódio a correr no caís atrás de uma mulher, que, após 24 horas de angústia, descobriamos no dia a seguir que não era a mãe dele ... mas adiante ...
Assim que se apagaram as luzes comecei a ver genéricos de filmes animados e a hipótese Bambi avançava em direcção a mim com cada vez mais força, e comecei a acreditar que a do filme francês era uma pista falsa, tão própria das surpresas ....
E, de repente, sem que nada fizesse esperar eis que vejo uma das minhas personagens favoritas de sempre, Scrat, esse esquilo da pré-história, mais uma vez a fazer as honras da casa ... e caí em mim ... diz quem estava ao meu lado que os meus olhos brilhavam mais do que os de qualquer criança que assistia e o caso não era para menos, eu estava, sem suspeitar sequer, na estreia da segunda parte do meu filme de animação preferido – A Idade do Gelo !!!!
Com a amizade e união como pano de fundo e com uma qualidade absolutamente fabulosa, esta Idade do Gelo, Parte 2, aposta claramente em mais cenas desta que foi uma das personagens mais bem conseguidas do filme de estreia, Scrat, quem mais ?? algumas delas que me fizeram quase rebolar de tanto rir, onde a sua obsessão pela busca de bolotas o faz ir cada vez mais longe de formas cada vez mais originais.
O filme vale por tudo. Mostra que cada vez mais se pode ir longe na banda desenhada... impressionante a capacidade com que se transmitem as texturas dos pêlos, os sons, as paisagens, o “falar dos olhos” ... a facilidade como se passam emoções ... nesta amizade feita de compatibilidades e incompatibilidades, de momentos em que o pânico se transforma em humor e os medos são jogados para trás das costas porque tudo vale quando se trata de salvar e estar com quem se ama.
Um filme que prova que o amor não existe sem amizade e que, de certa forma, a amizade também não existe sem amor ...
A não perder, para disfrutar, de cada minuto ... aguardo ansiosamente que seja editado em DVD para poder arrumar a Parte 2, bem juntinha à Parte 1 que já mora na minha prateleira há algum tempo ...
A ti, obrigada pela surpresa, por ma teres conseguido fazer, e pela partilha de mais um momento tão especial.
Caracolinha no Degelo